Defender os hospitais<br> da Colina de Santana

Modesto Navarro

De­pois dos de­bates re­a­li­zados na As­sem­bleia Mu­ni­cipal de Lisboa, re­ce­bemos uma pro­posta da Mesa, de pro­jecto de de­li­be­ração sobre a Co­lina de San­tana, que con­si­de­rámos in­su­fi­ci­ente e pe­ri­gosa para o fu­turo dos hos­pi­tais.

En­tre­gámos à pre­si­dente da As­sem­bleia, em con­fe­rência de re­pre­sen­tantes, os nossos con­tri­butos para in­tro­dução no do­cu­mento. Este de­veria ser con­sen­su­a­li­zado para sig­ni­ficar uma to­mada de po­sição co­e­rente da As­sem­bleia Mu­ni­cipal, con­si­de­rando os de­bates re­a­li­zados, as in­ter­ven­ções de es­pe­ci­a­listas, con­vi­dados, pro­fis­si­o­nais de saúde, mo­ra­dores, mem­bros de as­so­ci­a­ções e ins­ti­tui­ções, co­mis­sões de utentes, mu­ní­cipes e mem­bros da As­sem­bleia. Isso sim, seria a de­mo­cracia par­ti­ci­pa­tiva.

Em nova con­fe­rência de re­pre­sen­tantes, man­ti­vemos as nossas pro­postas e in­sis­timos na ne­go­ci­ação para haver um do­cu­mento as­su­mido pela As­sem­bleia Mu­ni­cipal com res­peito pela von­tade de­mo­crá­tica aqui ex­pressa pela grande mai­oria dos par­ti­ci­pantes. Do do­cu­mento global do PCP foram apenas aceites três pro­postas, e de forma par­cial.

Na ver­dade, as pro­postas da mai­oria PS, em 2013, de trazer à As­sem­bleia Mu­ni­cipal a dis­cussão sobre os pro­jectos para a Co­lina de San­tana, ti­nham, como se cons­tata, a in­tenção evi­dente no do­cu­mento da Mesa, nos PIP – Pe­didos de In­for­mação Pro­vi­sória – sus­pensos e não afas­tados, num PAT – Plano de Acção Ter­ri­to­rial – que ser­virá para tudo na des­truição dos hos­pi­tais, de dar co­ber­tura ao grande cen­trão de ne­gó­cios do PSD/​CDS-PP no Go­verno e do PS no mu­ni­cípio.

Na de­li­be­ração pro­posta pela Mesa não há uma pa­lavra que diga que a grande mai­oria das in­ter­ven­ções na As­sem­bleia Mu­ni­cipal, nos cinco de­bates re­a­li­zados, foram cla­ra­mente contra o en­cer­ra­mento dos hos­pi­tais da Co­lina de San­tana. Há sim, vá­rias «portas» e «ja­nelas» no ar­ti­cu­lado da de­li­be­ração, para que os crimes sejam con­su­mados por An­tónio Costa e Ma­nuel Sal­gado, pelo PS, PSD e o CDS unidos contra o di­reito à saúde, contra os hos­pi­tais, contra os pro­fis­si­o­nais de saúde e as po­pu­la­ções de Lisboa e do País que estes hos­pi­tais servem, contra o co­mércio e as em­presas de res­tau­ração da Co­lina de San­tana. É uma manta de re­ta­lhos com bu­racos e al­ça­pões que têm a nossa opo­sição e que le­va­remos ao co­nhe­ci­mento da po­pu­lação da ci­dade.

Nós pro­pu­semos, no do­cu­mento en­tregue à pre­si­dente da As­sem­bleia Mu­ni­cipal, que fi­casse clara a po­sição firme de não haver en­cer­ra­mento de qual­quer dos hos­pi­tais em causa, mas sim o seu re­forço nas res­postas ade­quadas de hos­pi­tais de pri­meira linha que são e devem con­ti­nuar a ser.

O PCP tudo fará para de­fender e pro­jectar os hos­pi­tais da Co­lina de San­tana num fu­turo me­lhor para a saúde das po­pu­la­ções da ci­dade e das zonas do País que servem e devem con­ti­nuar a servir. De­fender e im­pul­si­onar o di­reito ao tra­balho de mé­dicos, en­fer­meiros e todos os pro­fis­si­o­nais de saúde que neles tra­ba­lham. Este foi apenas um passo cla­ri­fi­cador do de­mo­cra­ti­cismo vazio de uns, da fal­si­dade de uns tantos e da fir­meza da mai­oria dos pro­fis­si­o­nais, es­pe­ci­a­listas e po­pu­lação da Co­lina e da ci­dade, nos de­bates que foram re­a­li­zados.

Cá es­ta­remos para de­fender os di­reitos à saúde pú­blica, contra os ne­gó­cios que o Go­verno PSD/​CDS-PP e o PS no mu­ni­cípio querem a todo o custo levar a cabo, seja na «re­visão» dos PIP da Es­tamo seja num «Plano de Acção Ter­ri­to­rial» en­ve­ne­nado à par­tida.

Lem­bram-se de um filme sobre a Mafia em Itália, in­ti­tu­lado «As mãos sobre a ci­dade»? Aí está ele no­va­mente, ao vivo e a negro, em Lisboa.

Não con­se­guirão o que querem. Tirem as mãos dos hos­pi­tais.

 



Mais artigos de: Argumentos

«Só o dia da mudança<br>é que ainda não sei»

São coisas de mais, para mim, que tenho coisas de menos. São 40 anos que, não sendo de mais, são, ainda, de menos. De um harpejo rápido e estonteante soam-me as notas, nítidas, que cantam o fim da guerra, o fim da censura, a Liberdade, eleições, a...

O Vaticano é o Senhor dos Anéis

«A nova forma económica do capitalismo conduz à barbárie. O subdesenvolvimento atinge 75% da população mundial e a pobreza extrema envolve 1 bilião e meio de seres humanos. A diferença de rendimentos entre os países mais ricos e os mais pobres era de 37 pontos...